Cláudia Magalhães
Ao me deparar começando uma apresentação pessoal e profissional falando de cheiro de plantas, cigarras e casulos de borboletas, me senti estranha. “Pouco sério” – foi o que me ocorreu. Comuniquei minha apreensão a meu jovem e paciente guru virtual, Thiago Turini que precisava de algo mais formal. “Cláudia, é assim mesmo, se quiser faz um texto mais formal pra completar.” – Simples assim.
Cláudia Magalhães
Quem sou eu?
Nasci no Rio de Janeiro, na época um paraíso aqui na Terra, há pouco mais de 60 anos atrás, as margens da Lagoa Rodrigo de Freitas. Uma família abastada, morando numa casa imensa, abraçada por um jardim/floresta (as 2 coisas, de fato). Não sei se por sorte, privilégio ou merecimento – mas sou grata por isso.
Meus registros mais remotos de infância me remetem a um entra e sai animado de avós, tios, primos, vizinhos, empregados, meninos da favela que vinham pegar manga, alguns mendigos (era amicíssima de um velhinho com cara de Bíblia), o cara da quitanda. Todos muito íntimos. Era uma casa de coração aberto, muros baixos, mesmo para a época. Um todo harmonioso, pleno de sentimento de pertencimento e igualdade que me acompanham e garantem até hoje.
Jamais percebi sombra de menosprezo, nariz em pé ou subserviência nos meus. Certamente vem daí minha profunda e definitiva percepção(muito mais do que convicção) de que somos iguais e que igualdade vem de dentro. Só ainda não me dava conta que somos muito mais iguais do que jamais imaginaria!
Desde muito cedo ficava solta no jardim imenso… Inúmeras vezes senti que fazia parte daquele todo silencioso, iluminado, cheio de perfumes e sensações. Mais do que isso, era como me dissolvesse nele, meu corpo perdia importância, eu virava aquele silêncio e aquela paz. Esta sensação extra de imersão e pertencer a tudo, me proporcionava mais alegria do que qualquer brincadeira, colos carinhosos ou o bolo quentinho.
Como explicar isso para os adultos? Não sabia e nem queria! Era um estado meu, só meu. Mas que tinha certeza que pertencia a todos. Como tinha certeza disso, na mais tenra infância? Hoje eu sei o porquê.
Youtube Cláudia Magalhães: Psicoterapia Quântica
Quando me sentia insatisfeita, solitária ou desnorteada, corria para minhas árvores, as borboletas e as cigarras.
Sempre adorei pensar! Sobretudo em esquisitices. Olhar prá fora e desvendar mistérios era comigo mesmo e para completar essa tarefa levava meus livrinhos para o meio do tronco de um fícus imenso, que mais parecia um salão. Aí a sensação de proteção era total.
Cursei o chamado primário num gostoso colégio leigo em Botafogo. Depois fui para um dos colégios mais tradicionais e rigorosos do Rio, ao qual não me adaptei, evidentemente. Não sabia e no fundo não queria, ser cordata daquele jeito.
Hoje sei que a Cláudia Magalhães tinha razão. Não era feliz ali e buscava refúgio, como sempre, nos livros, na biblioteca e no carinho da irmã Angelita. Mesmo assim reconheço os benefícios que aquela rigorosa educação formal me proporcionou. Hoje seria desnecessária e sem sentido.
Optei em cursar Psicologia, curiosa em desvendar os meandros daquela familia imensa. Aos 18 anos, ainda no 1º período da faculdade, resolvi trabalhar. Não precisava, mas venceu o desejo de independência. Arrumei vaga numa livraria de arte no Copacabana Palace, frequentada por artistas, intelectuais e turistas. E meu fascínio por aquele mundo novo, sobretudo das artes plásticas veio prá ficar. Fui parar na galeria de um importante colecionador Polonês do outro lado da rua, depois em outra no Leblon.
Cursava Psicologia, mas a faculdade era um tédio, queria tratar de gente! Pensei em entrar no mercado de artes plásticas, que me fascina e me preenche até hoje. A necessidade de “abrir”a cabeça era mais forte do que nunca.
Finalmente a grande mudança. Ganhei de presente o Dr. Carlos Paes Barros, psiquiatra de cultura imbatível, meu professor de teoria e técnica psicanalítica, que me fez cair de paixão pelos textos do Freud. Mergulhei de cabeça, fundou-se o amor pela Psicanálise.
Resolvi fazer mestrado com a sua orientação, acrescentando uma especialização em Psicanálise infantil, pois acabara de ser contratada pela recém inaugurada Escola Parque. Aos 24 anos já estava no quarto emprego, terminava um mestrado e buscava uma nova especialização. A gana pela descoberta sempre presente.
Decidi meu rumo: seria psicanalista. Assim foi.
Tudo tranquilo, vida organizada, consultório montado e de vento em popa, família crescendo. Fazia minha formação psicanalítica, era só seguir em frente. Com todas as garantias.
Pulo no tempo
15 anos se passaram, meu desconforto com os limitados recursos técnicos que dispunha só aumentava. Não queria mais ficar sentada atrás de pacientes aos prantos, nem me limitar a interpretar sintomas, por mais que estivesse preparada pra isso.
Que técnica podia me impedir de interferir e tocar no sofrimento? Considerava a neutralidade uma montagem e o distanciamento impossível. Tinha certeza que podia ir além, mas não sabia como. Busquei outras escolas cognitivas, bioenergéticas, nada me satisfazia.
No auge da insatisfação resolvi montar um Buffet com uma amiga (rsrs). E ia dando certo! Só que a busca pelo novo, o olhar para o futuro, a necessidade de coerência interna me garantiam e conduziam para o melhor. Hoje sei que é sempre assim, pra todos, só confiar que dá certo.
O mundo novo que eu intuía e insistentemente buscava, já existia e estava a minha espera. E começou a se concretizar num apartamentozinho no Leblon de um amigo médico. Um grupo pequeno e silencioso, a maioria de profissionais de saúde depois de um dia de trabalho, que se reuniam pra meditar! E estudar.
Era um estudo de dentro pra fora, como fui constatando aos poucos e o bem estar do corpo físico fazia parte desse aprendizado. Alongavam-se e eram dadas instruções sobre o ritmo da respiração. O relaxamento era aprofundado com mantras em sânscritos e textos de filósofos indianos eram lidos. Depois, pequenos grupos de reflexão. Tentava achar tudo ridículo, mas já sabia que respirava o verdadeiro respeito a cultura, a sabedoria e inteligência integral. Encontrei a modernidade que tanto procurava.
E a obra do Freud passou a ser por mim honrada, como uma rica e necessária etapa em direção ao encontro com a verdadeira natureza do ser humano. Precisava seguir meu caminho.
Ganhei de um dos participantes, o livrinho que ia mudar definitivamente minha vida pessoal, profissional e a dos que me cercam: “Where are you going?” (Swami Muktananda, um grande mestre, filósofo e psicólogo da Índia moderna). Sua afirmação definitiva e fundamental é que todo aquele que quiser curar sua mente deve voltar-se para dentro e mergulhar em seu silêncio mais profundo. Aí encontrará sua verdadeira natureza, a alegria e a paz verdadeira. E essa é a natureza compartilhada por todos os seres humanos. É a natureza que cura e devemos procurar ser absorvidos por ela.
Minhas palavras mágicas passaram a ser: desconstrução e aprofundamento. A vida é dinâmica demais para ficarmos apegados a crenças definitivas, sejam de que ordem forem.
Mais de 20 anos se passaram de prática ininterrupta, como é necessário em qualquer área de conhecimento. Meditação(fonte e meta), workshops, seminários, retiros, viagens de aprofundamento, renovação física, novos hábitos. Hoje sei que a meta e a realização da vida humana, a alegria e a liberdade completa são a experiência total e definitiva que vivia no jardim de minha infância. Minha alma de criança já percebia que todos ansiamos pelo mergulho na luz, no silêncio e na imensidão.
A natureza humana é uma só e para ser conhecida deve ser experienciada. Não há outro jeito.
Hj tenho certeza ser imprescindível para todo profissional de saúde o aprofundamento nos fundamentos da Física Quântica, da neurociência, da bioenergética de Alexander Lowen.
Aqui estou. Cada vez com menos forma e com mais contato com o que há de mais profundo e permanente nessa vida. Quando medos ou fantasmas aparecem, peço que cheguem mais perto, para que nos conheçamos melhor.
Meu sentimento maior é compartilhar minhas transformações pessoais e profissionais. São muitos tesouros a serem divididos. Somos parte do todo, vibrante e indivisível. O Shivaísmo da Caxemira o afirma, a Física Quântica o comprova.
Mãos à obra!
Cláudia Magalhães.
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Cláudia Magalhães
“A liberdade exterior que alcançamos depende do nível de liberdade interior que tivermos adquirido. Nosso esforço principal deve ser consagrado a realizar mudanças em nós mesmos”
Mahatma Gandhi
Escrito por Cláudia Magalhães